1º Sarau de Poesia da Magenta 2018

1º Sarau de Poesia da Magenta. A Comissão Organizadora era composta por: Paulo Santos, António Ramos, Maria João Vaz e Liliana Conceição. Um agradecimento especial aos músicos,ao Rafa e ao Ventura e aos poetas e intervenientes: Rosa Silva, Isabel Maia, Maria Jorge, Inês Lopes, Laidita, Luís Breda, Ondina Gaspar e Lina Freitas.

Um agradecimento especial ao restante público amante da poesia.

Temática do evento: LIBERDADE

 

Metáfora da Preocupação

Quando as missas são à porta fechada, só os presentes as entenderão…

Metáfora da Preocupação

 

A catedral de N. Sra. dos Remédios, prepara-se para a receção ao cardeal patriarca Monsenhor Santini. Os presbíteros vindos de todo o país ocupam os seus lugares para ouvirem a conferência de Santini, discípulo de Jesus que irá fazer o balanço dos seus primeiros seis meses ao serviço da comunidade. Começa por enaltecer a capacidade de resiliência de todos os presentes (“resilentes” como Monsenhor pronuncia, tal como o alentejano que tira o i ao leite para por no “cafei”), a sua capacidade de trabalho e o fazer acontecer. Salienta o empenho e o esforço de todos os párocos presentes na propagação da fé e na procura constante de novos seguidores. Refere que tudo foi conseguido graças à eficiência individual, à capacidade de reorganização e ao orgulho que sentem em representar o povo da nossa iglesia.

No entanto os propagadores da fé estavam ali para ouvir falar do Deus Ebit. Nos últimos tempos têm ouvido falar muito desse novo Deus. Ainda não têm o conceito esclarecido do seu ato milagreiro. Alguns dizem que é um Deus do Diabo, que não vem ajudar muito para futuras homilias junto dos fiéis e até há rumores que será para amaldiçoar os párocos. No entanto, Monsenhor Santini em momento algum esclareceu o conceito deste novo Deus, entre dentes, dizem mesmo que provavelmente nem Monsenhor saberá muito bem explicá-lo. Diziam uns, que não há condições para tal Deus ser adorado e outros diziam mesmo que iria ser difícil a partir de agora receberem a bula dos fiéis. Monsenhor Santini, seguidor de Jesus e de Brutini Caravalho, valoriza o Novo Deus como algo de essencial para a sobrevivência do episcopado. Em cochicho, os presbíteros engelham o nariz e já põem em dúvida se acreditariam no Jesus ou no Ebit. Uns dizem: em Jesus jamais, outros acreditam em N Sra da Conceição e há os crentes em N. Sra. da Vitória, poucos pareciam acreditar no Deus Ebit. Alguns mais convencidos pensam que seria importante para o equilíbrio da fé, no entanto “óh valhama Deus” já cá encontrámos isto sem esse Deus e só agora é que alguém se lembrou disso” “não há pachorra”.

Irmã Lu, lá no seu cantinho mantinha-se em silêncio. Informaram Santini, de que existia algum descontentamento por parte dos párocos presentes na sala pelo facto de não se sentirem tratados da mesma forma como alguns padres de outras paróquias. Santini admitiu que houve um erro e se Deus quiser tudo será resolvido com a maior brevidade… quando alguém ainda pensava ver espernear o cordeiro, Santini com um tiro certeiro na nuca matou o sofrimento do coitado.

Santini, dá uma boa notícia à plateia: “vamos ter uma nova Água Benta, apenas aguardamos a aprovação da Santa Sé”. Será exclusiva das nossas nascentes e tratada com as melhoras rezas e orações. Com esta nova Água Benta os nossos fiéis poderão “descontrair” de uma forma diferente, podem mesmo interiorizar a sua própria fé de uma forma mais relaxada, mais zen… No entanto nem tudo são boas notícias, Monsenhor Santini informa os presbíteros presentes de que há um grave problema com o fornecedor de hóstias, há dificuldade na entrega de tão avultada encomenda. Corre-se o risco de a curto prazo já não haver hóstias em nenhuma capela do país… A preocupação é geral, vão faltar as hóstias para as próximas homilias. Os propagadores da fé comentam entre si, que o Diabo anda à solta. Santini, informa que devido ao não fornecimento de hóstias o Deus Ebit poderá “enervar-se” e deixar as paróquias sem providências para o mês, no entanto irá tentar uma negociação com o Santo Papa. Terminou a Conferência com um vamos em paz e o senhor nos acompanhe.

Os párocos mantêm-se na catedral aguardando que o bispo D. Roçadas apresente as contas do episcopado relativas ao primeiro trimestre de 2018. Apelou para que sejam distribuídas mais caixas de esmolas pelas diversas paróquias e que o peditório durante as homilias deverá crescer substancialmente. Refere que o Deus Ebit não gosta que os nossos seguidores contribuam com alguns (poucos) míseros para o tilintar na bandeja.

Alguns acontecimentos dignos de registo surgiram durante a Conferência, tais como: o acólito Ben desesperado agarrou o cabo de Santini, o pároco de Espinho, não acreditando nada no Deus Ebit, disse que iria passar a dar uma por mês… seja lá o que for!… um outro pároco afirmou que um bom chouriço fará toda a diferença. Perante tudo isto o franciscano da Claridade terá dito que mandou uma cabeçada à entrada e outra à saída!! Algumas irmãs ficaram perplexas e oraram ao senhor em ato de perdão.

Nós párocos ficamos a aguardar que a nova Água Benta seja uma breve realidade, que o problema das hóstias fique resolvido, e que o Santo Papa entenda que esta foi uma situação que transcendeu a todos os propagadores da fé.

Ide com Deus… não, com o outro!…

Contexto descontextualizado

 

Contexto descontextualizado

 

Numa apresentação de marketing para promoção/venda de produtos farmacêuticos foi curioso verificar a forma empolgante e o poder de sedução que o preletor invocou em defesa dos seus produtos e consequente persuasão, sobre a equipa, para a venda dos mesmos.

Os nomes expostos dos intervenientes são fictícios.

O palestrante, Agente Ben mostra a sua raça, a sua dinâmica e o seu poder de sedução, muitas vezes a roçar o erotismo, afirmando expressões contextualizadas… mas que no entanto poderão deixar outro tipo de interpretações.

Vamos ao que importa.

Alguns dos presentes na sala estarão a auto questionarem-se, ou talvez e apenas com um sorriso intra-labial o porquê de: Agente Ben?! Pois bem… vamos justificar. Como disse uma colega: “pela quantidade de vezes que profere a palavra AGENTE, não tenho dúvidas que daria para abrir uma superesquadra lá para os lados da Amadora…” Agente diz, agente faz, agente vai, agente ouve, agente vê… enfim, poderia mesmo afirmar que se encontraria um “agente” para cada tipo de crime.

Avancemos.

É importante o poder da sedução para a promoção de produtos. Ponto. É importante seduzir a força de vendas, para estes, por sua vez, poderem seduzir os seus clientes. Ponto. No entanto, e na minha modesta opinião, deveremos ir com calma e digo isto porquê? Uma das primeiras frases do Agente foi: “Vamos aqui abrir o olho”. Sinceramente até me encolhi… se a triste hemorroide estivesse à espreita, tenho a certeza que se refugiaria nas entranhas… não fosse o diabo tecê-las. Então e os preliminares, não fazem parte!? Não há meiguices!? É preciso começar, logo por abrir o olho!? Mais calma Ben, mais calma…

Houve frases aceitáveis: “desempenho positivo”, “ter boa aceitação”, “crescer”… Ok, estava a correr melhor.

A páginas tantas uma seta do Cupido meio despido e na ânsia: “temos que crescer ainda mais”, surge a explosão: “agente tem de o alargar de uma forma contínua e persistente”, “agente tem de encaixar bem”, “é preciso pulmão”.

Tudo à bruta… aqueles preliminares foram totalmente abafados. Quase se poderia dizer: “não deram para aquecer”. Continuou o discurso o Agente Ben. “Atacar de uma forma contínua e persistente”, óh meu deus… não estragues a brincadeira. “É preciso pulmão?!” por este andar nem uma dúzia de pulmões chegariam para respirar fundo.

A saga continua…”vamos participar em alguns eventos”. Agora sim!… vamos levar mais longe a nossa garra”. Vamos mostrar lá fora, aquilo que somos cá dentro. Agora é que vão ver… quem são os maiores.

Continuando: “os maduros não crescem tanto”. Fiquei preocupado ao ver a cara do rapaz dos lados do Dão, com o seu ar de insatisfação. Se tivesse levado a coisa a sério, ainda puxava da pistola com a respetiva bala banana e resolveria a questão… tau, tau… já foste.

Com a continuação da palestra parece que a coisa começou a murchar (esta é minha). Ben disse: “ é o material que temos… pode não ser o melhor, mas é o que temos”. Foi um autêntico balde de água fria. Minutos atrás já estávamos em eventos, a mostrar a nossa raça, prestes a “pegar os bois pelos cornos”, como se diz lá para os lados da Chamusca e surge aquela frase dramática, triste e desconsoladora…, enfim… Eis que se levanta o superintendente Roçadas e disse: “Estamos a ser mamados!”. Brilhante… foi aquela sensação de despir de preconceitos. De repente passou-me aquela imagem de swing, onde uma quantidade enorme de descalibrados corporais, chupavam de uma forma ofegante a teta mais próxima. E depois saiu-se com outra: “há que abocanhar os pintos” (eu diria pitos… mas isso sou eu!), quase que aquele sonho de swing, tornara-se num perfeito delírio. As mentes da plateia estavam em êxtase, tudo era colorido, pitos cor-de-rosa, lingerie vermelha e fios dentais para sorrisos perfeitos. Após estas mentes luxuriantes, ativas em “devaneios” artísticos, eis que surge mais uma pedrada do Agente Ben: “tenho 30 pessoas a trabalhar na rua”. A plateia cruzou olhares… tive dúvidas entre: se já estaria formada a superesquadra da Amadora ou se então, havia 30 pessoas a percorrer as ruas da noite, com meias de licra e salto alto, penduradas em cigarrilhas e malinhas a tiracolo. Quiça pestanas gigantes e madeixas coloridas a desafiar o sexo fraco, de quem procura pela hora da morte… prazer na noite escura.

Continuando a saga… “o pacote dos novos, não está a ter a performance que pretendíamos”. Agora sim, o rapaz do Dão esboçou um sorriso e viu que a bola já estava do outro lado. Senti, no entanto, algum alarmismo da plateia mais jovem e comentários miudinhos quase inaudíveis para os mais afastados. Entretanto o Agente Ben, puxa pelos galões e diz: “temos que os agarrar com unhas e dentes”, “é preciso dar o salto”, “temos que os agarrar porque somos bons”… Agora sim, mensagens de esperança. Só não entendi se realmente estaria a fazer uma apresentação de marketing ou uma análise ao filme Caça Fantasmas… Avancemos. Todo o discurso teve altos e baixos e como o relator/escrivão desta peça já está a ficar cansado e outros ainda têm alguma paciência para continuarem a ler, vou terminar isto com mais algumas frases soltas, muito sensuais, algumas a roçar o erótico, tais como:

“enquanto uns caem… o nosso cresce”, “temos que dar força ao nosso”, “é curto ainda”, “é importante mostrar performance”, “temos que empurrar o nosso” e “se não for o nosso… vai outro”.

Por fim, caros colegas e amigos desta abençoada esquadra, o Agente Ben deixou o superintendente Roçadas com ar embaraçado quando afirma: “é bom agente tê-lo na mão”.

Eu, como relator, senti dificuldade em perceber o porquê de “o ter na mão”. A plateia silenciou por completo. As mãos mantiveram-se nos bolsos ou simplesmente apoiadas no suporte simpático da cadeira… não houve reação. Ninguém cumpriu. Fiquei sem saber se “É bom agente tê-lo na mão” seria uma palavra de ordem… ou não. Uma coisa é certa, que eu me tenha apercebido ninguém agarrou no dito cujo…

Perante a plateia atónita a Lu dos Pensos encerra com a frase: “saúde e paz… e o resto vem atrás”. Tau!!!…. na muge.

Palminhas e até amanhã.

 

Paulo Santos

Jan 2018

Magenta – Fim-de-semana em Góis

Um agradecimento à Câmara Municipal de Góis pela cedência da Casa do Artista, aos artistas da Magenta

                                                                                                                                                                 

GóisOrosoArte 2017 – 68 Fotos de António Ramos

Reportagem fotográfica de António Ramos, do GóisOrosoArte 2017 com os artistas da Magenta

Pintura ao Vivo em Góis

Pintura ao vivo no Parque do Cerejal em Góis com os artistas da Magenta.

Liliana

Liliana – Acrílico s/ tela – Paulo Santos